A IA decepciona no trabalho ou somos nós que ainda não aprendemos a usá-la?
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- há 12 horas
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A Inteligência Artificial virou o grande assunto do momento. Está nos negócios, na comunicação, na gestão de pessoas e nas estratégias de marketing. Mas será que ela está entregando tudo o que prometeu? Uma nova pesquisa global da GoTo, em parceria com a Workplace Intelligence, trouxe um dado curioso (e um tanto desconfortável): 63% dos funcionários acreditam que a IA é superestimada, mas 87% admitem que não estão usando seu pleno potencial.
Ou seja, talvez o problema não esteja na IA e sim na forma como estamos tentando encaixá-la no nosso jeito de trabalhar.
O paradoxo da IA no trabalho:
O estudo, chamado “The Pulse of Work in 2025”, entrevistou 2.500 profissionais e líderes de TI em 10 países, incluindo o Brasil. O resultado? Um retrato do cenário atual em que a promessa da IA ainda não se converteu em prática real. Alguns destaques:
86% dos trabalhadores duvidam da precisão e confiabilidade das ferramentas de IA.
76% afirmam que os resultados precisam ser constantemente ajustados.
82% admitem não saber como aplicar a IA de forma prática nas suas atividades diárias.
E, ironicamente, esses mesmos profissionais acreditam que poderiam economizar 2,6 horas por dia se usassem melhor a tecnologia, o que representa um impacto de US$ 2,9 trilhões anuais em ganhos de eficiência só nos EUA.
Um uso distorcido: a IA nas “tarefas proibidas”:
Outro dado curioso: 54% dos funcionários confessam usar IA para tarefas sensíveis como decisões éticas, estratégicas ou que exigem inteligência emocional, mesmo quando sabem que não deveriam. E o mais intrigante: 77% não se arrependem disso. Isso mostra que a IA não é apenas uma ferramenta de produtividade, ela está se infiltrando nas camadas mais subjetivas do trabalho humano e isso abre uma nova discussão sobre responsabilidade, ética e autonomia.
Pequenas empresas ficam para trás:
O estudo também aponta um abismo de adoção:
Em empresas com até 50 funcionários, só 59% usam IA,
Enquanto nas grandes organizações, esse número sobe para 80%.
Além disso, 46% dos profissionais de pequenas empresas dizem não saber como a IA pode economizar tempo ou melhorar seu trabalho. Ou seja: a revolução tecnológica ainda está muito mais presente nos slides das apresentações do que no cotidiano da maioria das empresas.
O caso do Brasil: familiaridade sem domínio.
Entre os brasileiros entrevistados, 53% acreditam que a IA está sendo superestimada. Por outro lado, 89% dizem que os colaboradores estão familiarizados com a tecnologia, mas só metade a utiliza de forma realmente eficaz.
Mais preocupante ainda:
41% afirmam que suas equipes não estão recebendo treinamento adequado;
54% dizem que os resultados ainda precisam ser revisados manualmente;
E 33% acreditam que, em 2024, colegas violaram políticas internas de uso de IA.
Por que a IA ainda não entregou o que promete?
A resposta parece simples mas é profunda: falta propósito. Muitas empresas estão adotando IA “porque é tendência”, e não porque entenderam como ela pode resolver problemas reais. Cerca de 21% dos líderes de TI admitem que sua organização comprou ferramentas de IA sem um plano claro de uso, e quase metade (49%) diz que não mede adequadamente o ROI dessas iniciativas.
O caminho da maturidade digital:
Segundo a GoTo, há três pilares para reverter esse cenário:
Remover barreiras e investir com propósito: 77% dos líderes de TI acreditam que um investimento de até US$ 20 por mês por colaborador seria suficiente para ganhar uma hora extra de produtividade por dia. O problema não é custo, é clareza.
Capacitar pessoas para o uso prático: 87% dos funcionários dizem que não receberam treinamento adequado. A tecnologia só é transformadora quando vem acompanhada de aprendizado.
Definir políticas claras e éticas: Menos da metade das empresas têm uma política formal sobre IA. É fundamental estabelecer limites, responsabilidades e boas práticas para evitar o mau uso.
No fim das contas, a IA não decepcionou. Nós é que ainda estamos aprendendo a conversar com ela.
A pesquisa da GoTo não revela o fracasso da IA, mas sim o início da sua maturidade. Estamos no meio de um processo de aprendizado coletivo, entendendo o que funciona, o que não faz sentido e como equilibrar automação e humanização. A inteligência artificial não veio para substituir o humano, mas para amplificar o que temos de melhor: a capacidade de pensar, adaptar e evoluir.
O verdadeiro diferencial competitivo não será quem tiver mais IA, mas quem souber usá-la com propósito, estratégia e consciência.
Referências: Relatório The Pulse of Work in 2025: Trends, Truths, and the Practicality of AI — GoTo & Workplace Intelligence, 2025.
Matéria: A IA decepciona no trabalho, Trabalhe de Qualquer Lugar
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